Atividades sobre o texto Documento, de Mário Quintana

Exercício de Língua Portuguesa e Literatura, análise/interpretação de textos

1. Leia o texto de Mário Quintana e depois responda às questões que seguem:

DOCUMENTO

Encontro um caderno antigo, de adolescente. E, em vez das simples anotações que seriam preciosas como documento, descubro que eu só fazia literatura. Afinal, quando é que um adolescente já foi natural? E, folheando aquelas velhas páginas, vejo, compungido, como as comparações caducam. Até as imagens morrem, dizia Brás Cubas. Quero crer que caduquem apenas. Eis aqui uma amostra daquele “diário”:
“Era tal qual uma noite de tela cinematográfica. Silenciosa, parada, de um suave azul de tinta de escrever. O perfil escuro das árvores recortava-se cuidadosamente naquela imprimadura* unida, igual, que estrelinhas azuis picotavam. Os bangalôs dormiam. Uma? Duas? Três horas da madrugada? Nem a lua sequer o sabia. A lua, relógio parado...”

Pois vocês já viram que mundo de coisas perdidas?! O cinema não é mais silencioso. Não se usa mais tinta de escrever. Não se usam mais bangalôs.

E ninguém mais se atreve a invocar a lua depois que os astronautas se invocaram com ela.

(Mário Quintana, Na volta da esquina. Porto Alegre: Globo, 1979.)

1 - (NCE/UFRJ - 2001) O título do texto se refere:
(A) ao caderno como documento de uma época pessoal do autor;
(B) ao caderno como fonte de informações perdidas;
(C) aos dados documentais oficiais do autor;
(D) ao diário como textos inéditos de uma obra literária;
(E) aos textos publicados pelo autor quando menino.

2 - (NCE/UFRJ - 2001) “Encontro um caderno antigo, de adolescente.”; nessa frase introdutória o autor:
(A) se refere a um caderno de um adolescente desconhecido;
(B) se refere a um tipo característico de caderno;
(C) se lembra de um fato passado há anos;
(D) já esclarece ao leitor que fala de si mesmo;
(E) declara que procurava algo importante em sua vida.

3 - (NCE/UFRJ - 2001) “E, em vez das simples anotações que seriam preciosas como documento...”; a frase abaixo em que, em lugar de em vez de seria mais adequado dizer-se ao invés de é:
(A) Em vez de ler, preferiu dormir;
(B) Em vez de churrasco, quis feijoada;
(C) Em vez de sair, entrou;
(D) Em vez de um caderno, encontrou um livro;
(E) Em vez de anotações, encontrou um diário completo.

4 - (NCE/UFRJ - 2001) “...que seriam preciosas como documento...”; o uso do futuro do pretérito, nesse segmento do texto, indica uma ação:
(A) impossível;
(B) duradoura;
(C) hipotética;
(D) ilógica;
(E) contínua.

5 - (NCE/UFRJ - 2001) “Afinal, quando é que um adolescente já foi natural? “; com essa pergunta, o autor:
(A) deseja saber algo que desconhece;
(B) questiona o leitor sobre seus conhecimentos;
(C) deseja conhecer-se melhor;
(D) afirma que a naturalidade não é marca dos adolescentes;
(E) quer saber em que momento da adolescência se é mais natural.

6 - (NCE/UFRJ - 2001) “E, folheando, aquelas velhas páginas...”; nesse segmento do texto há um erro:
(A) não se devia usar vírgula após folheando;
(B) não se pode começar frase com E ;
(C) o adjetivo velhas deveria vir após o substantivo páginas;
(D) a forma gráfica correta é foleando;
(E) o demonstrativo aquelas deveria ser substituído por estas.

7 - (NCE/UFRJ - 2001) “...vejo, compungido, como as comparações caducam.”; o verbo caducar, nesse segmento do texto, corresponde semanticamente a:
(A) enlouquecer;
(B) emocionar;
(C) envelhever;
(D) aborrecer;
(E) ressurgir.

8 - (NCE/UFRJ - 2001) A prova de que “as comparações caducam” está em:
(A) “Era tal qual uma noite de tela cinematográfica. Silenciosa, parada...”;
(B) “O perfil escuro das árvores recortava-se cuidadosamente...”;
(C) “A lua, relógio parado.”;
(D) “Uma? duas? três horas da madrugada? “;
(E) “...naquela imprimadura unida, igual, que estrelinhas azuis picotavam.”

9 - (NCE/UFRJ - 2001) O texto fala da lua como “relógio parado” porque ela:
(A) fica imóvel no céu;
(B) nem sempre está presente no céu noturno;
(C) encanta os namorados;
(D) também não sabe as horas da madrugada;
(E) é redonda e iluminada como os mostradores dos relógios

10 - (NCE/UFRJ - 2001) No último parágrafo do texto, o autor fala da lua como símbolo:
(A) de progresso na ciência;
(B) de sentimento amoroso;
(C) de ilusão de ótica;
(D) de perda de valores morais;
(E) de retrocesso histórico.

11. Ao parafrasear Brás Cubas, que afirmou que “Até as instituições morrem”, o autor alude a uma característica da personagem machadiana, que pode ser mais bem definida como

(A) saudosista e, ao mesmo tempo, trágica.
(B) cínica e, em geral, sarcástica.
(C) convencional, porém um tanto cômica.
(D) ingênua e, por isso mesmo, risível.
(E) condescendente e levemente sentimental.

12. Dos comentários seguintes, todos referentes a fatos linguísticos do texto, o único correto é:

(A) Em “vejo, compungido, como as comparações caducam”, ambos os verbos estão no presente, indicando uma ação pontual que ocorre no momento da enunciação.
(B) Ao flexionar o verbo “usar” (L. 9 e 10), primeiro no singular e depois no plural, o autor preferiu a concordância com o complemento e não com o sujeito das respectivas frases.
(C) No último período do texto, o autor obtém efeito expressivo, ao empregar uma mesma palavra em
acepções e graus de formalidade diferentes.
(D) Se alterarmos a posição dos adjetivos nos trechos “simples anotações” e “velhas páginas”, considerados no contexto, o sentido se mantém.
(E) No fragmento “sequer o sabia” (L. 7 e 8), a palavra sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido, pelo advérbio “jamais”.

Outros estão lendo neste momento

Um texto sem a letra A

Homônimos homófonos

Plural por dentro?!